Leitura de Seres Vegetais (2021)
Ana Rita Teodoro e Alina Ruiz Folini
Uma consulta oracular, uma leitura coletiva, ou uma indagação estética sobre alimentos que integra a rede "Terra Batida", uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono e, que organiza, regularmente, programas de residência artística. Esta prática foi iniciada em 2020, nas residências Terra Batida em Ourique e Mértola. As leituras são feitas com pequenos grupos e têm a duração de cerca de uma 1h
“Leitura de seres vegetais é uma proposta em forma de oráculo – onde uma pergunta é colocada a um fruto, legume, raiz ou vegetal. O objetivo não se concentra na adivinhação do futuro, mas na observação atenta do ser vegetal e dos seus saberes, em relação com a pergunta.
A partir da leitura das forças, das cores, das cascas, dos sabores, dos cheiros, das propriedades curativas ou tóxicas, dos territórios, das formas cultivo, etc… o oráculo propõe um deslocamento de protagonismos. E por via da sensorialidade, da conversa, da especulação, e às vezes até, da incorporação colectiva, criar um encontro com o ser vegetal e escutar suas perspectivas e respostas às nossas perguntas.
Para onde escoa o encantamento da Terra e da paisagem? E onde se religa alimento e afeto?
É preciso denunciar as manchas de monoculturas intensivas e super-intensivas que se alastram: oliveiras, amendoeiras, painéis solares, frutos vermelhos... É preciso resgatar o olhar atento, diverso, translúcido para com a Terra e a paisagem. É preciso reformular as relações com os alimentos: domesticar ou cuidar, produzir ou acompanhar? É preciso diminuir o consumo vazio do alimento e da paisagem, religar os sentidos aos pensamentos, ao sonho e ao desejo.
É preciso contar outras histórias, é preciso deixar outros seres falarem.” (Alina Ruiz Folini e Ana Rita Teodoro)
ANA RITA TEODORO
coreógrafa e artista pluridisciplinar. A base do seu trabalho coreográfico repousa na ideia de uma Anatomia Delirante, que procura extrapolar temporalidades, materias, texturas, formas, cores, temperaturas e funções do corpo humano convencionado. Na peça Assombro (2015), coleccionou e aprendeu um reportório de canções tradicionais portuguesas cantadas no feminino, libertando pela performance, fantasmas da condição feminina portuguesa.
ALINA RUIZ FOLINI
artista não binária nascida na Argentina. Seu trabalho se move entre coreografia, dança, escrita e prácticas curatoriaiUIs. Máster en Práctica Escénica y Cultura Visual por la UCLM / Museo Nacional de Arte Reina Sofía 2017-2018. Dirige ARQUEOLOGÍAS DEL FUTURO _ plataforma internacionZal de artistas, saberes y prácticas en Buenos Aires. Estreou Ruído Rosa (2021) em Portugal.